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terça-feira, 10 de abril de 2007

Tão Independente, tão independente (3) 

No despacho provisório (por força de lei) do Ministro da Ciência e do Ensino Superior pode ler-se com todas as letras que o encerramento compulsivo da UnI tem como fundamento a «manifesta degradação pedagógica» (sic) a que chegou a instituição de ensino. A conclusão vem plasmada num relatório da Inspecção-Geral do Ensino Superior.
Do lado do governo, pouco mais se disse. O Bloco de Esquerda concorda com o encerramento. O PSD diz que era o desfecho desejável. O vice-reitor da UnI Rodrigo Santiago também. E outros tantos são de opinião idêntica.
Ora, aparentemente, toda a gente concorda. Toda a gente excepto os 2400 alunos que não sabem o que será do seu percurso académico, cheio de entraves a partir de agora. A transferência é opção para a esmagadora maioria dos cursos, mas não para todos, como é o caso da licenciatura em Gestão e Administração Regional e Autárquica, que não é leccionada em nenhuma outra universidade. Além disso, conta o estigma que passará a pairar sobre os alunos que venham da Independente e não esqueçamos que, além de o ano lectivo estar a meio, há sempre a questão das vagas nas outras universidades, que não serão em número suficiente para todos os que requeiram a transferência. E tenha-se ainda em conta que a fraca oferta de horários pós-laborais das universidades portuguesas impossibilitará um grande número destes estudantes de prosseguirem a sua formação académica.
Mas do lado do Ministério chegam palavras tranquilizadoras: a tutela «tudo fará para assegurar a continuidade dos estudos». Este «tudo», como toda a gente bem sabe, é um «nada», porque até agora ainda ninguém falou em medidas concretas para acautelar a situação dos 2400 alunos da Independente.
O que me parece mais bizarro no meio de toda esta história é o facto de a «manifesta degradação pedagógica» - e aqui merece especial atenção este «manifesta» - só ter merecido atenção agora. Se é assim tão manifesta, não se compreende como é que nunca foi detectada antes, já que a UnI foi «repetidamente auditada e avaliada» desde a sua criação, em 1994, segundo palavras do Ministro Mariano Gago, que diz também que «nenhuma inspecção ou auditoria indicou problemas graves» na UnI. Mas o senhor Ministro diz logo a seguir que os primeiros «problemas graves» datam de 2006, quando foi comunicado ao ministério «que não estavam a ser lançadas classificações, porque os professores não estavam a ser pagos». Em Maio do ano passado, o Ministério exigiu a reposição da normalidade e a Direcção-Geral de Ensino Superior conclui que o problema «estava ultrapassado e corrigido». Nem um ano depois fala-se de «manifesta degradação pedagógica». Não se compreende. Muito fica por explicar.
Uma instituição de ensino, seja ela pública ou privada, pelas funções de formação e preparação profissional que tem a seu cargo, deve ser totalmente credível e isenta de qualquer suspeita. A «degradação pedagógica» de que se fala não deveria nunca chegar sequer a existir, quanto mais ser «manifesta».
Embora o Ministério tente desesperadamente atribuir todas as culpas à sociedade Sides que gere a Independente, não pode ele mesmo "sacudir o capote" das suas responsabilidades. Ao Ministério compete não só o papel de fiscalizar mas de prevenir. Onde fica este dever da tutela? Aparentemente, na gaveta e com a concordância pública de todos os actores desta lamentável cena.
Um Ministério que deixa uma universidade chegar a este ponto calamitoso de «degradação» não pode deixar de ser visto, também ele, como um Ministério degradado. Com o apelidado "caso da Universidade Independente" a "mancha" não caiu só no "colarinho" da UnI, mas em todo o "fato" do Ministério do Ensino Superior. Aparentemente, ninguém a vê. Ou ninguém a quer ver. São apenas mais alguns inequívocos sinais da «manifesta degradação ocular» deste país.

Continue a ler:
Tão Independente, tão independente (1)
Tão Independente, tão independente (2)

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