quinta-feira, 7 de setembro de 2006
Progressos
Cada vez mais estou convicta de que a memória é algo de precioso. É, sem mais, uma coisa boa. É através dela que, apesar da distância física (mas jamais emocional), do silêncio verbal (mas jamais do afecto), do sofrimento interior (que se transforma em físico) e da impossibilidade presente (mas jamais eterna) que trago comigo de um modo tão presente que quase se torna material as pessoas que, por diversos motivos - a morte, a vida ou a sua própria vontade - se apartaram de mim e que tudo faria para poder abraçar de novo.
A memória é o passaporte para a certeza de que o que começou ontem e acabou hoje continuará amanhã. Para tanto, claro, temos de estar dispostos a acreditar que assim será, mas nesse aspecto, posso considerar-me uma afortunada. É algo que em mim se renova a cada minuto, a cada hora, diariamente: a crença de que quando se tem um passado tão especial como o meu, o futuro só pode estar recheado de coisas boas, ainda que no presente não as veja, não as ouça e não as palpe. Sinto-as e isso é tudo quanto me basta para continuar a crer.
E a querer.
Muito.
Marriage is love. |