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sábado, 20 de novembro de 2010

Fim 

Quem vos escreve hoje não é a Mente Assumida, sou eu, a pessoa que a criou e que lhe deu vida durante mais de sete anos. Sou alguém com um nome, mas sem nome aqui. A esmagadora maioria de vós não me conhece.

O Assumidamente é uma tela onde, pelas mãos da Mente Assumida, tenho pintada uma grande parte da minha vida nestes últimos anos. É uma tela para onde gosto de olhar. Aqui está muito do que vivi com a Assumida Mente, o primeiro grande amor concretizado, alguém que amei profundamente com tudo o que de melhor tinha e que um dia teve a extraordinária ideia de criar este blog. Continuamos a ter uma relação extraordinária, que passou de amor a amizade, mas igualmente intensa e verdadeira. E tantas, tantas outras coisas boas que agora não vou enunciar porque senão o texto não teria fim. Assim sendo, facilmente se antevê que seria impossível não gostar disto com todas as forças. Seria impossível.

A Mente Assumida, que segurou este blog até agora, foi desaparecendo, não existe há longo tempo. Há longo tempo que só existo eu e, por isso, deixou de ter significado escrever aqui, porque este não era o meu espaço, era o espaço da Mente. Em que é que isso deu? Este blogue tornou-se moribundo, uma coisa semi-morta, esgotada, desinteressante. Não era nisto que o queria transformar, mas nem sempre fazemos tudo bem, nem sempre fazemos o que deveríamos fazer. A Mente Assumida morreu-me e isto, sem ela, nunca mais foi a mesma coisa. Provavelmente, demorei demasiado tempo a percebê-lo. Como dizem os franceses, hélas.

Hoje, chego à conclusão que deixei que este blog subsistisse moribundo durante demasiado tempo. É uma característica não da Mente, mas minha. Tenho este péssimo hábito de deixar as coisas subsistirem de alguma forma, perfeitamente consciente de que elas morreram, mas teimando continuar a carregá-las às costas já depois de mortas.

Não quero fazer isso com mais nada na minha vida e, portanto, não quero continuar a carregar nem a Mente Assumida, nem o Assumidamente, ambos mortos, às minhas costas. Tenho de me desligar deles.

Adiei a escrita deste texto durante demasiado tempo, mas hoje tive, finalmente, as forças para o escrever, a coragem para o publicar. Tive de o fazer assim, de impulso, porque senão ficaria a problematizar sobre isto tempo sem fim e talvez demorasse outros tantos meses a sentir o impulso necessário para o escrever. Há coisas que ou se fazem na hora, ou se adiam, mas apenas até ao momento em que se torna incomportável adiá-las. Tornou-se.

Há duas características que eu e a Mente Assumida partilhámos: o sentido de humor (divinal, perdoai-me a falta de modéstia) e o facto de sermos umas sentimentalonas de primeira. Parece-me que é tudo o que é preciso dizer para que compreendais porque demorei tanto tempo a pôr um ponto final nisto. É que, por um lado, isto divertia-me e, por outro, como sou muito "mais coração do que cabeça", não conseguia desligar-me de uma coisa que me era querida. Todavia, o coração também nos pede, às vezes, que tenhamos actos de misericórdia. Este texto é isso mesmo, um acto de misericórdia, porque ele dá ao Assumidamente a sepultura digna que ele merece: a prosa desempoeirada e sentida, de que ele está carregado em todos os posts que o compõem.

O Assumidamente não podia acabar sem um texto. Não seria justo, nem para vós, que o lestes, nem para a Mente Assumida, nem para a Assumida Mente, que nele escreveram, que o construíram e o mantiveram durante três anos a quatro mãos, durante quatro apenas a duas. Hoje escrevo um texto a duas mãos - as minhas - para o encerrar e para sepultar definitivamente, com ele, a Mente Assumida.

O Assumidamente nasceu no dia 2 de Agosto de 2003 e acaba no dia 20 de Novembro de 2010. Nasceu sob o signo solar de Leão, morre sob o signo solar de Escorpião. Nasceu no Verão, morre no Inverno. Teve o seu tempo, teve o seu papel, teve a sua história. Já não tem nada disso.

Por isso termino dizendo-vos, a todos quantos o lestes: esta aventura foi simplesmente magnífica, mas a viagem chegou ao fim, obrigada; aos bons que conheci através dele e da Mente Assumida: tenho-vos no coração e guardai-vos-ei nele para sempre; a todos os que passardes por aqui depois disto: já não era o tempo, a casa está vazia, sobre os móveis há apenas lençóis brancos e pó. Já não mora cá ninguém.

Não há outro modo de dizer-vos isto. Não há outro modo de me despedir de todos vós senão dizendo isto e escrevendo aqui a palavra tão adiada, até algo temida, mas absolutamente necessária. Não há outro modo de me despedir da Mente Assumida e do Assumidamente que não este: escrevendo aqui a palavra FIM.

Comentários:
Um adeus bonito como todo conteúdo do AssumidaMente, fica-nos na memória, palavras e sensações aqui descritas de uma forma pura como tu sabes fazer.
Sempre difícil um fim mas outras coisas começarão...
Beijos desta que te foi acompanhando, permanece na tua vida e conheceu-te muito devido à sua existência.
És uma mulher única...com uma escrita e identidade muito própria, como tal deixas saudades!
Evitando despedidas deixo-te aqui um até já porque tenho a sorte de continuar a ter-te na minha vida.

Beijos muitos da Jotinha
 
ah..que pena logo agora que encontrei novamente seu blog!!
não vai não. O Armadilhas do Tempo é um bebê e precisa de bogsd bons para seguir. Contudo posso entender.Saiba que seu texto Quase fomos o que quisemos me ajudou muito em uma fase triste da minha vida. Encanta-me saber que palavras e pensamentos de pessoas que stão tão distantes pode nos acalentar com tanta propriedade. Tem meu email, caso queira corresponder-se!
FICA COM DEUS NOS BRAÇOS E ABRAÇOS DOS SEUS.
 
Embora já fosse anunciado é com tristeza que li o post. Adeus e obrigada! Sílvia
 
Este é sem dúvida um dos blogs que mais me marcaram. Criei o meu no inicio de 2004 e lembro-me que este ainda estava nos seus primeiros meses de vida.

Acompanhou-me ao longo de profundas e marcantes transformações na minha vida, e não acredito que algum dia me esqueça dele e da Mente Assumida.

Numa coisa tens toda a razão: há um tempo para tudo. E pessoas como nós por vezes arrastam o que nos marca muito para além desse tempo, como se deixar ir implicasse perder ou esquecer. Tento lembrar-me que não é assim, e compreendo que para ti tenha chegado essa altura.

Fica como único arrependimento o nunca nos termos conhecido pessoalmente. Talvez um dia. :)

Paula
(Scorpio_Angel)
 
Resta-nos o arquivo para matar saudades, para recordar o quanto era divertido, quem éramos, como eram bons esses tempos. O Bairro do Amor ali ao lado (nunca te disse o quanto gostava dessa designação para a vizinhança blogueira, cheguei a ter a utopia de como seria bom que o bairro fosse de pedra e cal), o Bairro do Amor (inicial) está praticamente desabitado, os restantes moradores estão um tanto desmotivados. E a Mente... vai deixar saudades.
 
Prima Mente
eis uma decisão de grande maturidade. parabéns por ela - não pelo encerramento do blog, obviamente, que era o meu preferido.
felizmente, para mim, há muito que deixei de ter a Mente, para ter aquela mulher de carne e osso que tu és. e isso é um privilégio.
um grande beijo. este será sempre, tal como o mEiA vOlTa, o nosso espaço de encontro e conhecimento.
 
BONITO texto sim mtº .
li sempre (vim) com gosto estes testemunhos excelentes:'nunca se apagará da minha memória nem do meu coração, porque há coisas que nunca se apagam, ninguém sabe muito bem porquê'.
Idiotuice minha, mas acho que daqui poderias 'tirar'um livrinho...
beijo com saudade ...já....!!!
 
Olá,

Gostaria de compartilhar o lançamento da Livraria GLS:
Foi lançada a LIVRARIA GLS, que veio para se tornar referência na venda de títulos GLS. A Livraria conta com exemplares que abrangem literalmente gays, lésbicas e simpatizantes e conta também com alguns diferencias bastante atraentes: um sebo onde é possível encontrar livros usados de autores nacionais e estrangeiros e se der sorte até alguns títulos raros; ainda é possível contar com um programa de fidelidade e com um canal direcionado para o autor. Fica a dica para você que estava procurando “aquele livro” e ainda não encontrou em dar uma “passadinha” por lá e fazer umas comprinhas, afinal agora a Livraria GLS vai até sua casa!

www.livrariagls.com.br
 
Parabéns pelo Blog e por concluir a sua jornada.
 
É sempre uma pena ver bons blogues a fecharem portas.
Um abraço,

Condessa X
 
Este blog é magnifico...
a sua escrita é apaixonante...
 
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