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sexta-feira, 5 de junho de 2009

Um título vergonhoso 

O jornal i publicou ontem (04/06) uma notícia com o título «Homossexualidade. Não é uma doença, mas trata-se», assinada por Inês Cardoso. Assim, sem mais.

Os que pensam que o lead seria esclarecedor para desmentir a tremenda incorrecção em que o título faz incorrer os leitores mais desatentos, desenganem-se, porque o efeito conseguido é exactamente o oposto, senão, leia-se: «Psiquiatras exigem que o Colégio da Especialidade esclareça posições sobre terapêutica para mudar a orientação. Bastonário emite parecer ético».

Os que tiverem o interesse, tempo e pachorra suficientes para lerem a notícia vão concluir que o título é totalmente descabido, para além de conter uma afirmação que não tem a mínima coincidência com a verdade. O título é uma conclusão retirada das palavras do bastonário Luís Nunes, mas uma daqueles conclusões que poderíamos dizer forçadas, já que o bastonário não utiliza o termo "tratar" nem "curar".

Títulos deste género até poderiam ser considerados sensacionalistas, mas atendendo ao elevadíssimo grau de má fé que contêm só podem ser classificados de uma forma: vergonhosos. Lamentavelmente, nada a que o jornal i não nos tenha já habituado. Se isto é que era a prometida lufada de ar fresco na imprensa diária portuguesa, estamos bem arranjados. Lufada de ar podre, no mínimo. Uma vergonha.

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Apenas a título de exemplo, eis mais um título infeliz do jornal i: «Paulo Rangel: "A Igreja deveria abrir mais na questão homossexual"».
Paulo Rangel foi entrevistado agora (o artigo foi publicado no dia 19 de Maio) por ser cabeça de lista do PSD às Europeias. Rangel fala da Europa, do PSD, da sua vida política, do episódio da papa «Maizena», dos programas Inov Contacto e Polis e, por fim, da (sua) religião católica.
Nesse tema, é o próprio Rangel que invoca a questão da relação da Igreja com a homossexualidade. A talhe de foice lá lhe perguntam se ele defende o casamento gay (outra vez "casamento gay", como se o casamento tivesse orientação sexual!), para depois passarem para a questão da adopção (já agora, a antepenúltima pergunta, que por acaso é uma afirmação e a última são magníficas).
Ou seja, no meio de tantos temas abordados por Rangel na entrevista, temas esses pertinentes e actuais porque relacionados com as Europeias - afinal, o motivo pelo qual foi entrevistado - o jornal i resolveu dar destaque digno de título a uma frase relacionando a Igreja com a homossexualidade. E porquê? Porque, na visão torpe de quem dirige o jornal i, certamente este título seria mais "chamativo", embora reflectisse apenas uma pequena e nem sequer a mais significativa parte da entrevista.
Coluna vertebral é algo indispensável no bom jornalismo, mas a avaliar por estes títulos, está visto que não é princípio fundamental entre os (aparentemente estranhos) critérios editoriais do jornal i. Não há outro nome para isto: é mesmo uma vergonha.

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