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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

«Coragem doseada» 

António Marinho e Pinto (perdoem-me os mais susceptíveis, mas tenho uma certa dificuldade em atribuir-lhe o epíteto de «Bastonário») espelha bem aquele tipo de gente que gosta de abrir a bocarra para dizer o que qualquer patego - por mais culto ou erudito que fosse - diria. Fala com a eloquência de um qualquer frequentador habitual do café da esquina e, em consequência, profere o mesmo tipo de atoardas que todos os dias ouvimos na boca daquelas pessoas que sabem falar de tudo e mais alguma coisa, a quem eu chamo «especialistas em banalidades, com licenciatura em Psicologia, Mestrado em Medicina e Doutoramento em Direito».
Eu compreendo que Marinho e Pinto goste de abrir a bocanha para dizer, ou melhor, repetir, aquilo que segundo ele já toda a gente sabe porque veio nos jornais. E compreendo anda melhor que ele tenha à vontade (para não dizer «lata») para acusar em praça pública genericamente («há pessoas», «há políticos», «há grupos económicos», etc.), não diga os nomes. Palavra de honra que compreendo. É que Marinho e Pinto tem aquilo que eu vou, neste preciso instante, baptizar de «coragem doseada»: uma coragem que chega para o boato, mas não é bastante para a certeza; que existe para a acusação, mas não é assim tanta para a nomeação; que é muita para enxovalhar, mas não é assim tanta para confrontar.
Se Marinho e Pinto tem assim tantas provas e tanta certeza daquilo que está a dizer, porque não diz os nomes? Não me digam que é por temer processos de injúrias, porque se há assim tanta prova e essa prova chegou ao conhecimento dele, também a poderia carear para juízo, se fosse o caso, não poderia? Então porque é que «chama os bois pelos nomes», para usar linguagem figurada? Acho que é óbvio perceber porquê...
Marinho e Pinto é daquela cêpa do estardalhaço, da bocarra cariada aberta, da invocação da «crise» por tudo e por nada. E essa cêpa é má e é pernicioso que uma pessoa como ele esteja a ocupar o cargo institucional que ocupa. Marinho e Pinto sabe que esta actução é útil para o transformar numa pessoa mediática, mas também sabe que não é a melhor para a instituição a que preside. No entanto, está disposto a sacrificar aquilo que é basilar para que a máquina judicial funcione - o bom relacionamento entre as instituições - por mais meia dúzia de minutos na TV e uma chamada ao Parlamento. Marinho e Pinto disfere ataques - francamente infundados - às Magistraturas, especialmente ao Ministério Público; aponta o dedo ao Procurador-Geral da República; critica a actuação da Polícia Judiciária... enfim, é um não mais acabar de críticas que só ajudam a reforçar a primeira ideia com que começou o seu discurso na abertura oficial do Ano Judicial, ou seja, a de que vivemos presentemente a pior crise de semmpre da justiça em Portugal - o que não é verdade.
Marinho e Pinto prefere ser alarmista a trabalhar em conjunto com aqueles que são os únicos que podem mudar o tal estado de coisas que ele apregoa viver-se e ser tão negativo. Pois é. Também eu sei que é mais fácil dizer «a casa está a arder» do que pegar num balde de água para apagar o fogo. E depois quem vai apagar o fogo sempre fica chamuscado, enquanto que quem fica a ver sempre tem hipótese de ser filmado pelas câmaras da TVI, não é?!
Já muita gente percebeu o que é que o Dr. António Marinho e Pinto quer: alcançar um estatuto de «pseudo-salvador da justiça», enquanto empurra a justiça para a morte. E isso fica mal a qualquer pessoa, mas fica ainda pior a quem usa uma toga. Por isso é que cada vez mais é uma evidência que gente que usa toga há muita, mas gente que seja um verdadeiro Advogado há muito pouca. Ao menos os mandatos à frente da Ordem dos Advogados são relativamente curtos (três anos). Oxalá Marinho e Pinto não tenha tempo para dar cabo de tudo.

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