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terça-feira, 31 de julho de 2007

Bergman e Antonioni 

No mesmo dia (ontem), a Europa perdeu dois dos seus maiores realizadores, Ingmar Bergman (n. 1918) e Michelangelo Antonioni (n. 1912).

Do primeiro, permito-me destacar «Persona» (1966), um filme objecto de algumas interpretações que pretendiam ressaltar nele um suposto relacionamento de cariz lésbico entre as personagens principais (e que eu ainda não vi, mas não hei-de morrer sem ver). Mas «Persona» é muito mais do que isso. É uma leitura da solidão (elemento que perpassa toda a obra do realizador) enquanto destino inexorável do ser humano. Em «Persona», Bergman revela a dimensão trágica (e absurda?) da própria vida. É um filme sobre a angústia da auto-descoberta do abismo que existe entre o que representamos para os outros e o que somos para nós mesmos.
Susan Sontag defendeu que a literatura e o cinema oferecem ao leitor/espectador uma visão sob o controlo do autor/realizador e que existem correntes em cinema como em literatura. Para Sontag, os filmes de Bergman incluem-se no "cinema psicológico", ou seja, aquele «que trata da revelação da motivação das personagens», superando a relação existente entre o literário e visual, ditinguindo entre análise e descrição/exposição. Já os filmes de Antonioni (Godard e Bresson) estariam inseridos noutro tipo de cinema, o "cinema anti-psicológico", que trata «da transferência entre sentimento e coisas».
Particularmente sobre «Persona», no ensaio que escreveu sobre esta obra cinematográfica, Sontag afirmou que «para compreender «Persona», o espectador deve ultrapassar o ponto de vista psicológico. ... «Persona» assume uma posição além da psicologia - assim como, num sentido análogo, além do erotismo» (Susan Sontag, Contra a Interpretação e Outros Ensaios, Lisboa: Gótica, 2004).


Para ver ou rever aqui e aqui. E lamentar que a morte tenha vencido de novo mais este jogo de xadrez.

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