terça-feira, 20 de março de 2007
O meu carteiro
Depois de eu rubricar a folha, fala-me do tempo, que ora está de chuva, ora está de sol, o que lhe afecta o giro (nunca sabe se há-de trazer de casa o chapéu-de-chuva). Depois diz-me «então, bom dia» e sai apressadamente, que ainda tem muitas cartas para distribuir. Eu digo-lhe «adeus» e ele responde «até amanhã». É que amanhã virá novamente tocar-me à campainha e entregar-me em mão o correio, falar-me do tempo e tudo o resto.
Tenho a sorte de ter um carteiro à antiga, muito acabrunhado, que me trata por «Dra.» e me gasta o tapete da entrada de tanto lá coçar os pés. Deferências à parte, confesso que gosto da visita diária. E confesso que, por causa disso, já dei por mim a abrir distraidamente a caixa do correio ao domingo. Não sei nada dele, nem vou saber nunca, que as conversas serão sempre as mesmas, mais coisa, menos coisa, mas reconheço que fico algum tempo de sorriso nos lábios depois de receber a visita do meu carteiro.
Marriage is love. |