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segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Um privilégio 

Faz hoje um ano que foi lançado o último álbum de Madonna. A 13 de Novembro de 2005, Confessions On a Dance Floor invadia as lojas de música e milhares de fãs um pouco por todo o mundo resistiam nas filas para adquirirem um exemplar do tão aguardado disco. Umas semanas antes já o single Hung Up era presença mais do que frequente nas rádios e eu, lembro-me bem, não resistia a bater o ritmo com a mão no volante ao som do tic-tac com que a música arranca.

Time goes by so slowly... Time goes by so slowly... Time goes by so slowly...

Um ano volvido, esta manhã a mesma música agitou novamente as horas passadas no trânsito. Instintivamente cantei (sim, que eu sou daquelas que canta que se farta ao volante e abana a cabeça e faz coreografias com os ombros e os braços e tudo!) time goes by so slowly... Quando a música termina, ponho-me a pensar. «Time goes by so slowly? Se há coisa que o time deste ano não foi é slow! Não sei se sou só eu que tenho esta percepção, mas parece-me que 2006 passou a correr... É bem verdade que foi um dos piores anos da minha vida (sim, prima Maria, começo a acreditar na tal história dos ciclos de que me falaste...), mas tal como todos os anos que têm muitas coisas más, teve também coisas boas, momentos muito especiais, alguns deles mergulhados na tristeza mas ainda assim muito especiais. 2006 foi (a bem da verdade, ainda está a ser) um ano de enorme crescimento pessoal, de reforço de amizades, de lições de vida, de união familiar, de mudanças profissionais e de mudanças pessoais também. O ritmo de vida alterou-se e nem sempre bateu tão certinho como o tic-tac da canção da Madonna, mas o que é certo é que «esse comboio de corda a quem chamam coração»* não parou e embora o tic-tac tenha soado por vezes muito timidamente, marcou sempre o compasso no meu peito. O ano está prestes a acabar e tenho ainda tanto para fazer, dizer, ouvir, aprender, ver, experimentar! Tanto ainda para sentir! Acabo por concordar com a Madonna numa coisa: no time to hesitate. A vida é demasiado curta e veloz para vivermos tudo aquilo a que temos direito. Não quero que o tempo passe sem que eu dê por ele (tick tick tock it's a quarter to two!) e, por isso, está na hora de aproveitar o mês e meio que ainda resta deste ano e fazer com que ele valha a pena. Porque cada ano que vivemos é um privilégio que nos é concedido e que não podemos, de modo algum, desperdiçar. ;)

* verso de Autopsicografia, de Fernando Pessoa.

Na grafonola, previsivelmente, Hung Up, de Madonna.

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