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domingo, 30 de outubro de 2005

Paciência democrática 

Na qualidade de secretário-geral do P.S., José Sócrates pronunciou-se na passada sexta-feira sobre a decisão do Tribunal Constitucional desfavorável à realização do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez antes de Setembro de 2006, segundo o entendimento de que é apenas então que finda a actual sessão legislativa (veja-se o que dispõe o n.º 10 do artigo 115.º da Constituição da República Portuguesa sobre esta matéria).

Eis um excerto das declarações de Sócrates (que podem ser ouvidas aqui):

O Partido Socialista compreende bem e acompanha todos aqueles que desejariam uma solução mais célere para o grave problema que é o aborto clandestino e para os absurdos procedimentos criminais que atingem as mulheres em Portugal.
Também nós desejamos, como muitos portugueses, ter uma lei mais moderna e mais europeia em matéria tão sensível.

Este excerto espelha bem o modo como Sócrates classifica as leis: modernas ou antiquadas, mais ou menos europeias. Bom seria que aquele que também é o Primeiro-Ministro português as caracterizasse antes de justas ou injustas, pois a justiça de uma lei é que faz dela uma boa lei.
Ora, se o Partido Socialista deseja uma «solução mais célere», se entende que «oHaja paciência! aborto clandestino é um grave problema» e que os procedimentos criminais previstos na lei para estes casos lhe merecem o epíteto de «absurdos», não se compreende que, colocando isto num prato da balança e o tão falado compromisso eleitoral de realizar um referendo sobre a matéria, que por duas vezes já tentou cumprir, no outro, o P.S. chegue à conclusão de que o segundo pesa mais do que o primeiro.
Ainda que Sócrates queira convencer os portugueses de que será eternamente fiel a todos os compromissos eleitorais que assumiu, tendo visto o que já viu, nenhum português é suficientemente ingénuo para acreditar...
Assim sendo, enquanto Sócrates pede aos que são a favor da alteração da lei aquilo que chamou de «paciência democrática», resta pedir aos que não têm palas em frente aos olhos que lhe perdoem a falta de coragem política, pois parece por demais evidente que a tal «paciência democrática» de que fala mais não é do que um refúgio aconchegante para a inércia de um governo que, no fundo, não quer ter a responsabilidade de alterar a lei numa matéria que reconhece «tão sensível». Todavia, eu compreendo bem as preocupações e os receios de Sócrates... é que não vá a nova lei, apesar de mais moderna e mais europeia, resultar numa lei injusta...

Comentários:
As preocupações e o acompanhamento que o PS do Eng. Sócrates fazem do sofrimento de tantas mulheres abandonadas e mal tratadas não passam,permitam-me a expressão, de "lágrimas de crocodilo". Quando é que alguém "aborta" as sucessivas gerações de políticos incompetentes e desprovidos de visão que temos tido neste país?

Cumprimentos e, uma vez mais, parbéns pelo sempre interessante blog
 
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