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sexta-feira, 7 de outubro de 2005

«Margarida Rebelo Pinto lida à lupa por João Pedro George.» 

O seu a seu dono - a frase que serve de título a este post é da autoria de Eduardo Pitta. Através do Da Literatura, ancorei há já uns tempo no Esplanar, o blog de João Pedro George (JPG). Vale a pena ler, creiam.

Senão, passem os olhos por "Couves & Alforrecas", um conjunto de posts publicados a 3 de Outubro de 2005. Neles se disseca a obra de Margarida Rebelo Pinto, a mal-amada da crítica literária portuguesa. Todos os textos de JPG são absolutamente geniais e reveladores de um olho clínico e de uma paciência notáveis. Não é em vão que afirma: «Margarida Rebelo Pinto despertou o masoquista que há em mim. Lê-la, do primeiro ao último livro, foi um tormento digno da Bíblia.»

Para aguçar o apetite, aqui ficam algumas passagens extraídas de livros de MRP que não escaparam à perspicácia de JPG.


Margarida Rebelo Pinto«Os anos foram passando e agora, de repente, parece que me caíram em cima. Olho para os meus irmãos e dou comigo a cobiçar-lhes os filhos, as casas, a vida rotineira e segura, a paz familiar. Tenho trinta anos e não construí nada, a não ser uma vaga carreira de jornalista.» (narradora em Sei lá, p. 47)

«Estou farta de não ter uma pessoa ao meu lado, percebes? Faço tudo sozinha, sinto-me completamente avulso no mundo, qualquer dia tenho 40 anos e não construí porra nenhuma, nem família, nem filhos, nada.» (Vera, em Não Há Coincidências, p. 236)

«Tenho trinta e sete anos (...). Agora não aguento mais, a antevisão do quão vazia e triste pode ser a minha existência daqui a uns anos. (...) Eu queria mais, queria o que todas as mulheres querem, uma casa, um filho, a concretização do sonho de uma vida em comum.» (Verónica, em Pessoas Como Nós, p. 98 e 224).



«A Vera costuma dizer que são as mulheres que escolhem os homens, e não o contrário, e acho que ela tem razão.» (Não Há Coincidências, p. 84)

«São elas que escolhem os homens.» (Artista de Circo, p. 60)

«São as mulheres que escolhem os homens, sempre assim foi e sempre há-de ser e eu estou mesmo para ser escolhido.» (Artista de Circo, p. 147)



«(...) trocámos de vidas, de corpos, de cabeça e de alma, passámos a ser uma só pessoa (...)» (Sei Lá, p. 42)

«(...) dançámos durante horas esquecidas, fundidos uns nos outros (...)» (Não Há Coincidências, p. 61)

«(...) passámos a noite quase em branco, a namorar e a conversar (...), fundidos um no outro (...)» (Não Há Coincidências, p. 109)

«(...) Sempre que fazemos amor, é como se fôssemos um só corpo.» (Alma de Pássaro, p. 104)

«(...) a tua alma se fundiu, em tempos, com a minha (...)» (Alma de Pássaro, p. 126)

«(...) eu sentia a temperatura do corpo dela a fundir-se na do meu corpo (...)» (Pessoas Como Nós, p. 165)

«(...) o mundo ficava em silêncio (...), fixo no nosso olhar que se encontrava no espaço e se fundia num (...)» (Artista de Circo, p. 161)

«(...) o cheiro da pele dele inunda-me os sentidos e colo o meu corpo ao dele como se de um só se tratasse (...)» (Sei Lá, p. 118)



«Só consigo imaginar o momento em que vou mergulhar outra vez nos olhos dele e esquecer-me de que o resto do mundo existe (...)» (Não Há Coincidências, p. 143)

«(...) quando ele aparece é como se o mundo inteiro deixasse de existir (...)» (Não Há Coincidências, p. 143)

«(...) como se o mundo não existisse lá fora (...)» (As Crónicas da Margarida, p. 134)



«(...) bebo dois copos antes do bife aterrar na mesa (...)» (Sei Lá, p. 108)

«(...) a sobremesa aterrava finalmente em cima da mesa (...)» (Não Há Coincidências, p. 53)

«(...) a dourada aterra na mesa, devidamente rodeada de batatas e legumes (...)» (Não Há Coincidências, p. 87)

«(...) o vinho aterra na mesa (...)» (Alma de Pássaro, p. 45)

«(...) o prato (...) que me aterrou debaixo do nariz (...)» (Alma de Pássaro, p. 60)

«(...) pratos e pratos de picanha, arroz, feijão preto, farofa e couve mineira aterram na mesa (...)» (Alma de Pássaro, p. 160)

«(...) os ducheses que aterravam na mesa (...)» (Artista de Circo, p. 80)



Se consegui despertar a vossa atenção, sentem-se confortavelmente e façam uma incursão por "Couves & Alforrecas". Mas atenção, porque é JPG, ele próprio, quem previne: «Um aviso, desde logo: o texto que se segue é embaraço para a escritora e penoso para os leitores em geral.».

Eu confesso que li os dois primeiro livros de MRP e muitas destas "coincidências" me passaram ao lado... Mas que estão lá, de facto, estão.

Boas leituras.

Comentários:
No minimo dá que pensar..
 
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