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segunda-feira, 1 de setembro de 2003

Pride do Norte: Eu estive lá! 


Como informei no meu antepenúltimo post, a Pride do Norte decorreu no dia 29 de Agosto, sexta-feira, na discoteca Pacha Ofir, em Esposende. Deixarei aqui as minhas impressões pessoais sobre esta festa.
Cheguei à  Pacha quando pouco passava da uma da manhã, porque (comodista me confesso) prefiro deixar o carro perto, apesar de problemas de estacionamento não se colocarem aos clientes deste espaço, uma vez que está situado no interior de um enorme terreno privado, oferecendo estacionamento gratuito a todos os clientes. A casa, com capacidade máxima para 1500 pessoas, encontrava-se ainda longe (sequer) do meio gás. A primeira ronda pelas diversas áreas deixou-me a impressão de que "a noite ainda era uma criança". Todas as áreas tinham já clientes, mas em todas o número era também diminuto. Mas com o avançar das horas, tudo se compunha e por volta das 2h/2h30, o ambiente estava criado.
Como havia dito também, a festa foi organizada apenas pelo Hit Club em colaboração com outras entidades, mas, apesar disso, a festa estava anunciada para todas as áreas da discoteca. A verdade, no entanto, é que, enquanto festa gay, estava um pouco descaracterizada. Estive à  conversa largo tempo na área da música latina e brasileira e os casais gay que por ali andavam contavam-se pelos dedos de uma mão. Animação temática, essa, nem vê-la.
A coisa animou um pouco com a chegada de alguns colunáveis, como Pedro Leitão, entre outros, num grupo que incluía ainda os estilistas Luí­s Barbeiro e Paulo Azenha e os manequins Valentino e Sónia Antão ("Antão" rima com "encontrão", terá sido por isso que ela me deu tantos ao longo da noite?), quatro nomes presentes na festa da revista Flash, produzida por Carlos Castro (também presente, mas noutro grupo) que decorreria na noite seguinte. Colunáveis trazem sempre fotógrafos atracados a si e, consequentemente, bandos de fãs que rodeiam as personalidades, o que acabou por transformar a área mais em palco do que em pista, mas enfim...!
Cansada de tal espectáculo, dirigi-me à  área do Hit Club, "coração da Pride", na esperança de que ao menos ali este epíteto não fosse despropositado. A mudança foi notória, uma vez que o espaço abarrotava de gente e os casais gays eram mais visí­veis. Quanto a lésbicas, eram em menor número e consideravelmente mais discretas. Ainda assim, as manifestações públicas de carinho, quando não contidas, eram inexistentes.
Sobre o balcão de um dos bares, dançavam duas drag queens (uma delas encarnada pelo Toty, que ficou conhecido do grande público pela sua participação no programa Masterplan, na SIC), mas a pista estava repleta de heterossexuais. A decoração não foi especialmente preparada para o tema e, por isso, não fazia notar que aquela era uma festa gay. Pouco depois, a drag queen Rafaela de Castro iniciou o seu espectáculo. Depois foi a vez da (maravilhosa) Alexia. O público parecia conquistado, especialmente quando em simultâneo se puderam ver três shows: Alexia, body painting (pelo pincél de Paulo Azenha) e strip tease masculino. Ao rubro pareciam estar as meninas (straight) na pista, o que numa Pride não deixa de ser curioso... Aqui e ali era possível identificar um ou outro gay menos inibido, um ou outro casal, mas a dominante eram, indubitavelmente, os heterossexuais. Em comparação com as anteriores Prides do Norte, sempre organizadas pelo Hit Club mas, na altura, no seu espaço próprio, na Póvoa de Varzim, esta Pride deixou muito a desejar, uma vez que as presenças dominantes foram straight e não gay, o que deixou estes últimos pouco à  vontade para, digamos, "soltar a franga".
Findos os espectáculos, cerca de uma dezena de drag queens continuaram a animar a noite no Hit Club, dançando e esbanjando glamour. Ainda assim, viu-se de tudo um pouco, desde encarnações irrepreensíveis das personagens (como no caso da Alexia) até aberrações completas, como a uma "pseudo" drag queen, cujos atilhos do corpete se desataram, deixando o peito másculo à vista de todos, sem que isso tivesse preocupado minimamente a dita! E a noite lá se passou, mas muito longe das espectativas deixadas pelas anteriores edições desta festa.
Em suma, avalio com nota negativa neste evento:
- a presença esmagadora de heterossexuais, quando o que se espera de uma festa gay é exactamente o contrário;
- o facto de essa mesma presença ter sido factor de inibição para os gays e lésbicas (que, se eram em número reduzido, ainda mais despercebidos passaram);
- a decoração pobre que não acompanhou a temática;
- o desmazelo de algumas drag queens presentes;
- a postura de alguns heterossexuais, que além de provocarem as drag queens com comentários infelizes, não estiveram à altura de serem público de uma festa destas.
Nota positiva vai para a drag queen Alexia, encarnação perfeita do glamour exigido para a personagem, cujo out fit revelou bom gosto, com maquilhagem impecável e espectáculo q.b. (com direito a fireworks e tudo);
- para os casais de gays que arriscaram algumas manifestações de carinho, sinal de que não deixaram de (tentar) controlar uma festa que é deles e para eles;
- para a música de Rui Covas e, ainda para a diversidade de eventos, que incluíram, como disse, body painting e strip tease masculino (louvor seja dado a Paulo Covas, pela simpatia e pelo arrojo). Pena é que o público faça a noite, e este deixou muito a desejar...
Uma palavra final vai ainda para a Abraço, que não passou de uma presença (muití­ssimo) discreta, com uma banca onde eram possível adquirir o famoso lacinho vermelho (sí­mbolo da associação), relógios, porta-chaves, entre outras coisas e panfletos e desdobráveis sobre a SIDA (reparei que quando passei por lá à  saída, o aspecto da bancada era praticamente o mesmo que vi à  entrada, o que denota que poucos foram aqueles que se dignaram ler verdadeira informação). Os (escassos) cartazes colados pelos corredores da Pacha Ofir certamente tiveram o mesmo tratamento...
Concluindo, esta Pride do Norte não foi, em minha opinião, nem memorável nem animadíssima, como previ no meu penúltimo post. Que a do próximo ano venha depressa e apague estas (más) recordações...

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