Um blog assumidamente lésbico, assumidamente apaixonado, assumidamente cultural, assumidamente meu... assumidamente na penumbra!
Por Mente Assumida. Ano VII [desde 02/08/2003]
sábado, 7 de janeiro de 2006
In memoriam
António Luís Valente Gancho (1940-31.XII.2005)
Dizem que morreu a rir e diz-se que foi de ataque cardíaco, após 38 anos de internamento na Casa de Saúde do Telhal. Pouco se sabe acerca das circunstâncias da morte do poeta "louco", como pouco se soube da sua vida e da obra, escrita integralmente no manicómio. "Foi muito mal tratado pela sociedade. É mais um caso de abuso psiquiátrico, de miséria nacional e institucional", disse o pintor Álvaro Lapa, conterrâneo de António Gancho, que lhe arranjou editor quando o então novel poeta o informou de que tinha um livro por publicar. "Era um homem de grande lucidez poética", como o retrata Manuel Rosa, da Assírio & Alvim, a editora que publicou aquela que é considerada a grande obra de António Gancho, O Ar da Manhã, em 1995. Um livro que, segundo o poeta, "são quatro livros" num volume: O Ar da Manhã, Gaio do Espírito, Poesia Prometida e Poemas Digitais de onde se destaca este:
Noite, vem noite sobre mim sobre nós dá repouso absoluto de tudo traz peixes e abismos para nos abismarmos traz o sono traz a morte
António Luís Valente Gancho nasceu em Évora em 1940 e desde os 20 anos que correu várias instituições psiquiátricas. Dizia ser Luiz Vaz de Camões, Bocage, Kafka, Pessoa e todos os escritores que admirava. Dizia ainda que não sabia por que escrevia, que o escritor "só pode ser escritor quando já nasceu escritor" e que "a imaginação é tudo. É ela que deve estar ao comando da inspiração, quero dizer, a inspiraçao deve comandar a imaginação do autor, do escritor, do poeta." (in A Phala, n.º45). Gancho tinha então 45 anos e foi apresentado como uma "revelação sólida da poesia". Antes, já Herberto Helder o dera a conhecer, com uma selecção de 11 poemas, em Edoi Lelia Doura das Vozes Comunicantes da Poesia Moderna Portuguesa (Assírio & Alvim). E é a Herberto Helder que Manuel Rosa recorre quando se lhe pede para classificar a poesia intensa e de matriz surrealista de António Gancho "Era um poeta nocturno". Álvaro Lapa fala de "uma poesia nada construída, muito espontânea". Faleceu no último dia do ano de 2005.
ACABAR COM A VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES, CONTROLAR AS ARMAS!
O IMPACTO DAS ARMAS NA VIDA DAS MULHERES
Inúmeras mulheres e raparigas foram alvejadas e mortas ou feridas em todos os cantos do mundo. Muitos milhões vivem persistentemente com receio de serem vítimas de violência armada. Dois factores chave são os potenciadores destes abusos: a proliferação e uso generalizado de armas de pequeno porte e o profundamente enraizado sentimento de discriminação contra as mulheres. A violência armada contra as mulheres não é inevitável. Em muitos países as mulheres tornaram-se forças poderosíssimas em prol da paz e dos direitos humanos no seio das suas comunidades. Este tipo de acções e campanhas demonstram que as mudanças reais podem ser eficazes e que as vidas das mulheres podem ser mais protegidas.