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terça-feira, 26 de julho de 2005

Sudoku 

A moda é o caraças... Aliás, mesmo a maneira como escrevemos é uma moda. Já imaginaram eu começar um texto no século XV assim? Ou me cortavam o pescoço ou me nomeavam adjunta de Rainha, conforme achassem que estava enfeitiçada ou que era tão erudita que conhecia a língua dos deuses. Ou mesmo nos nossos dias: imaginem um discurso na Assembleia da República a começar assim! Ou uma sentença, um comunicado à imprensa de Sua Alteza Real Mr. Bush, um comentário do Marcelo Rebelo de Sousa, ou mesmo um decreto-lei! Não, aí não podia ser, c'órror! Onde já se viu dizer caraças em textos de fato e gravata?! Aí a moda dita que se usem palavras tão cinzentas e tão caras quanto a vestimenta de quem as diz, ou daquelas que estão tão lá ao fundo no dicionário que íamos jurar que foram lá postas por quem as proferiu e que antes nunca haviam constado do índice da língua portuguesa.
Num blog a moda já é outra. Nos blogs a moda é escrever como se fala, que as pessoas gostam de ler os blogs a correr, como se estivessem a conversar com quem está por trás destas letrinhas todas, e as conversas lá em baixo nas caixas de comentários só acontecem se escrevemos como falarmos. Ora, como não há alminha que não solte o seu "caraças" ou similar quando fala com os outros ou com os respectivos botões, a própria frase com que inicio este post é a prova de que a moda é o "caraças" e que nem eu, que tanto gosto da literatura do século XV e das palavras cor de fato e gravata, não resisto à moda... E agora deixa-me lá ir ao assunto que me trazia cá, senão já pareço a Manchinha que consegue fazer, numa única frase, viagens por todos os pensamentos de um dia, muito ao estilo de Saramago, mas com mais classe, que enquanto na Manchinha não sinto a falta das vírgulas, ele há descrições no Saramago não a pedir, mas verdadeiramente a gritar, por vírgulas, pontos finais e toda a pontuação a que têm direito, e ele sem nos dar sequer um ponto de exclamação que seja, o somítico!
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A moda é o caraças, dizia eu! E a moda hoje em dia é, só não vê quem é cego, tudo o que vem do Oriente! A última constatação disso mesmo é o inusitado e incompreensível sucesso que o "Sudoku" está a fazer entre nós.
Ouvi falar deste jogo pela primeira vez numa roda de amigos. Disseram-me que era a grande febre deste Verão e que não havia ninguém que não se viciasse com o jogo à primeira jogada.
Como sou curiosa e não gosto de ficar fora da moda (que, não sei se já vos disse, é o caraças!) lá fui, Google fora, à procura do tal do Sudoku... Um bocadinho assustada, que o nome como soa não inspira muita confiança...

Sudoku

Qual não é o meu espanto, quando descubro que o Sudoku não é nada mais nada menos que um jogo que assiduamente me fazia companhia nas tardes de verão dos meus dez ou onze anos!
O jogo é europeíssimo: foi inventado por um matemático suíço no século XVIII. Mas está claro de ver que como a matemática não tem piada nenhuma, foi preciso levarem-no do velho continente para os Estados Unidos e daí para o Japão para que, regressando rebaptizado, com nome de espada do Sangoku, se transformasse na grande febre de um povo que chumba ciclicamente a matemática!
É um feito! É inédito e admirável ver toda a gente de garra afiada em exercícios de lógica pura! Mas a verdade é que a moda pegou... E como a moda é o caraças também se (re)pegou a mim... E como, apesar de ser o caraças, esta moda até nem está má, vão lá fazer o download do joguito e depois digam-me, de vossa justiça, se ficaram ou não viciados!


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