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quinta-feira, 17 de março de 2005

Histórias de amor para adultos. 

"What's so great about the truth? Try lying for a change - it's the currency of the world." *

Dan (Jude Law)

Serão "amor" e "mentira" duas palavras indissociáveis? Muitos são os amantes que preferem ocultar a verdade com o argumento de que a sua revelação, além de cruel é desnecessária. Será a verdade, mesmo que dolorosa, sempre preferível à mentira?

O amor potencia situações que escapam ao controlo dos amantes. O sentimento é, por definição, incontrolável. O amor não se explica, tal como não se explicam os morangos. A mentira pode surgir de forma tão natural como a verdade. A banalização da mentira existiu desde sempre: mentir não é exclusivo de quem ama, mas quase que património comum da humanidade. A verdade só existe porque a mentira existe. Os conceitos completam-se, um densifica o outro: a mentira só pode ser perspectivada como mentira por oposição à verdade.


"Don't stop loving me. I can see it draining out of you. It meant nothing. If you love me, you'll forgive me." *

Anna (Julia Roberts)

O que resta da mentira depois de exposta, o sabor amargo do desprezo ou a realização do altruísmo? Depois de desnudada a atitude, o julgamento torna-se insuportável, mesmo injusto?

Não há qualquer hierarquia entre "verdade" e "mentira" enquanto concepções. O juízo moral que lhes está subjacente - e que é necessariamente subjectivo, logo, não concludente - é que as torna mais ou menos "aceitáveis". Muitos são os que não toleram a mentira, tal como muitos, em determinadas situações, nunca tolerariam a verdade. No jogo da verdade e da mentira nunca poderá haver vencedores e vencidos.


"You don't know the first thing about love because you don't understand compromise." *

Larry (Clive Owen)

A mentira tem um preço. Tudo tem um preço. Como se conjuga o preço da mentira com a natureza dos afectos? Como se articula a artificialidade da mentira com a candura dos sentimentos?


A verdade não fortalece os sentimentos: ela é, está, aparece. Toma o seu lugar naturalmente. A mentira, apesar de artificial, não toma o lugar da verdade. Ela destaca outros factos, ainda que inventados. Todavia, a verdade é sempre insubstituível, inapagável. A mentira não apaga os factos. Os sentimentos não são menos cândidos porque acompanhados de mentira. A mentira é construção - os sentimentos são evidências.


"Where is this 'love'? I can't see it, I can't touch it, I can't feel it. I can hear it. I can hear some words, but I can do nothing with your easy words." *

Alice (Natalie Portman)

A mentira chega sempre em palavras. Quando essas palavras são vazias, nuas, o que resta aos amantes? Será a verdade, mesmo que dolorosa, sempre preferível à mentira?

Na ausência de juízos de valor, nada dá a primazia à verdade. Um amante que perdoa a mentira não ama menos por isso. Nem ama mais. O que une as pessoas são os afectos, não as palavras. Se os afectos existem, são evidências, então, a verdade é complemento, é suplemento, é momento... e pode muito bem não ser essencial.

Neste, como em tantos outros assuntos, não há verdades absolutas.



* Excertos do argumento do filme "Closer", de Mike Nichols (2004), respectivamente, dos personagens Dan (Jude Law), Anna (Julia Roberts), Larry (Clive Owen) e Alice (Natalie Portman).

A azul: conclusões dispersas e algo confusas após dois dias de reflexão. Bem hajam os que, através dos comentários, me ajudaram a construí-las.

Comentários:
Gostei muito do filme Closer e acho que actualmente as pessoas tornaram-se muito egocêntricas para amar.
 
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